...com alma, com gentes, com sabores, com sensações, com saudades...

domingo, abril 30, 2006

Abril: Um eterno futuro

O 25 de Abril foi o ponto final num passado de expropriação da liberdade; foi o momento criador de uma autêntica cidadania; foi o acto fundador da nossa contemporaneidade com a Europa e o mundo.
Contudo, as comemorações do 25 de Abril já pouco mais são que um ritual, com cada vez menor vivência cívica. Passados trinta e dois anos sobre a data em que “emergimos da noite e do silêncio”, regressou a desilusão, a angústia e o desespero, a falta de confiança e de esperança no futuro, a falência dos valores e ideais, a par do descrédito do sistema político e do reaparecimento do «sebastianismo» na vida política nacional. Será que Eduardo Lourenço terá razão quando fala da total ausência de interesse dos portugueses pela «ideia de Portugal» que tenha qualquer conteúdo além do da sua representação”?
É certo que o regime democrático se encontra consolidado e os direitos e liberdades fundamentais estão consagrados no ordenamento jurídico e, para muitos, isso significa a melhor homenagem ao 25 de Abril. Contudo, não parece menos certo que o estado de espírito dos portugueses será, também, resultado de um propósito deliberado de amnésia história por parte de uma classe política, mais interessada em reduzir a democracia à sua componente representativa e em esquecer o valor central da cidadania. E sem esta a democracia estará amputada do seu elemento fundamental legitimador.
Ainda assim, o poder simbólico do 25 de Abril vai resistindo aos anos, porque ele lançou a semente dos direitos políticos e sociais e autonomizou a consciência crítica de muitos portugueses, que não têm esmorecido na exaltação pedagógica dos seus autênticos valores e ideais.
Nunca será de mais todo o esforço para não deixar apagar a memória do Portugal de antes de Abril: do Portugal amordaçado por quarenta e oito anos de repressão violenta, prisão arbitrária, humilhação, tortura, degredo e assassínio dos opositores políticos; do Portugal de miséria e analfabetismo, de emigração clandestina para sobreviver, onde se fazia fila para comprar leite e pão, a mulher não tinha lugar na sociedade e a vida pessoal era devassada; do Portugal em guerra com povos irmãos durante treze anos, onde se exauriram gerações sucessivas de jovens portugueses e africanos; do Portugal isolado, condenado e humilhado internacionalmente.
Do mesmo modo, é imperioso lutar contra o esquecimento daquilo que foi uma gesta persistente, simultaneamente dramática e heróica, de rebeliões militares, tentativas revolucionárias, levantamentos operários, lutas camponesas, combates sindicais, movimentos culturais, greves académicas, manifestações estudantis e outras formas de resistência e contestação ao regime, que foram transmitindo até Abril de 1974 ecos gratificantes e esperançosos de revolta e insubmissão que o regime nunca conseguiu de todo calar. Muito mais que uma acção isolada de capitães insubordinados, o 25 de Abril foi a expressão culminante das aspirações de Liberdade do Povo português, e ignorar isso será cortar as raízes ao Portugal livre e democrático que então renasceu.
Não é menos importante aprender com a história, procurar entender como se chegou à ditadura e porque razão esta durou quase cinco décadas. Trocando o ideário liberal e progressista do republicanismo pelo nacionalismo e pela crença nas virtudes de uma «ditadura de reformas» ou de um «governo nacional extraordinário» largos sectores republicanos esqueceram a liberdade e sonharam, sobretudo, com uma nova ordem. Mesmo entre os mais conscientes dos autênticos valores democráticos, muitos houve que viram na ditadura a evolução natural da República, de liberal a corporativa, de «desordeira» a ordeira», de desagregadora das forças nacionais e políticas a agregadora, numa lógica de proclamada e formalizada «União Nacional». Numa altura em que se apela ao compromisso político é oportuno lembrar que o salazarismo foi o resultado de um compromisso entre várias forças políticas, incluindo nestas algumas correntes republicanas. Todas queriam reconciliação nacional, governos de competência, estabilidade política e ordem pública.
Como muito bem lembra José Gil, “a crise portuguesa assenta, na sua génese, numa preocupante falta de memória”. “Tudo é nevoeiro, sombra branca, preconceito, silêncio, complexo e trauma, que não deixa inscrever no real os 48 anos de autoritarismo salazarista”. Esta talvez seja a principal causa dos nossos problemas, aquela onde radica a vã esperança providencialista inibidora da confiança própria para enfrentar os desafios.
A história ensina que não há futuro fora da democracia. É fundamental, pois, guardar a memória de Abril, fazer dela uma exigência permanente de melhor democracia, de mais cidadania, de maior progresso e justiça social, promover a pedagogia dos seus valores e ideais, confrontando, apesar das dificuldades do presente, o Portugal da “apagada e vil tristeza” com o Portugal da Liberdade.
Porque só com Abril Portugal será futuro.

Monteiro Valente

sexta-feira, abril 28, 2006

30 de Abril é Dia do Associativismo












30 de Abril é Dia do Associativismo e, entre as comemorações que pelo país vão acontecer, o IPJ programou duas iniciativas muitos especiais:
Uma Jornada de Debate, no âmbito do Programa Nacional de Juventude (PNJ), dedicada à temática deste Dia e, integrado no agenda de trabalhos,
O Lançamento público do Estudo - realizado pelo Observatório Permanente da Juventude - O Associativismo Juvenil e a Cidadania Política.

mais informações em:http://www.juventude.gov.pt/

quarta-feira, abril 26, 2006

um fim de semana "em cheio"



mais fotos aqui

sexta-feira, abril 21, 2006

dia da liberdade


Para comemorar o dia da liberdade, nada melhor que o convivio de desporto, e alegria. Vamos todos encontrar-nos no polidesportivo da associação para jogar basket e outros variados jogos

quinta-feira, abril 20, 2006

N.º 37 - nova edição do "Miuzela Arriba"





já saiu e pode

fazer o download

aqui...

quarta-feira, abril 19, 2006

"mais MIUZELA nas férias"














este será o nosso slogan este ano
no intuito de levar os miuzelenses a passar
mais tempo na Miuzela
no periodo de férias
em vez de irem para as praias
atulhadas de gente...

"mais MIUZELA nas férias"

segunda-feira, abril 03, 2006

a festa da inauguração


mais fotos aqui

sábado, abril 01, 2006

Notas Soltas - Março/2006

Co-incineração – Apesar dos medos semeados, vai avançar e ajudar a solucionar o problema dos lixos e resíduos industriais perigosos que, irresponsável e levianamente, os últimos Governos deixaram agravar.

Guantánamo – O clamor de militantes dos direitos humanos tornou insustentável a prisão onde Bush aboliu as normas do direito internacional e os princípios elementares da civilização.

Alcorão – Face aos desvarios do islão, urge lembrar os direitos humanos e a condição da mulher, que os islamitas desprezam, bem como os direitos de que gozam na Europa e cuja reciprocidade negam nos países de origem.

Cavaco Silva – O sucessor de Jorge Sampaio, ao jurar a Constituição, tornou-se o garante dos direitos, liberdades e garantias nela consagrados. Espera-se um presidente à altura dos seus antecessores recentes.

Mário Soares – Censurado por ter assistido à posse do novo PR e ao discurso, desistindo da sessão de cumprimentos, por falha do protocolo, não ocorreu aos críticos que Cavaco Silva, há dez anos, derrotado por Sampaio, nem sequer foi à posse.

Direitos humanos – Quando o desrespeito atinge países civilizados, não admira a violação sistemática e generalizada em países párias: Coreia do Norte, Irão, China ou Bielorrússia, entre outros. Dramático.

CDS – Ribeiro e Castro é um presidente sem partido. Com deputados insurrectos, assiste impotente à deriva populista e reaccionária do CDS. Os congressos não reforçam a autoridade do líder nem mudam a natureza do eleitorado.

Paulo Portas – O regresso à política activa, na pele de comentador televisivo, é um ensaio para o lançamento de um partido à sua medida, tendo como base a bancada do CDS e a fatia que ambiciona subtrair ao PSD.

Itália – Berlusconi, cantor, magnate da televisão, milionário e dono de um clube de futebol, consegue iludir o fisco, legislar em proveito próprio, seduzir o Vaticano e ser o primeiro-ministro com maior longevidade desde a segunda guerra mundial.

Israel – No assalto militar ao cárcere de Jericó, sob custódia britânica, a captura do assassino de um ministro debilitou o líder da Palestina, abriu nova crise e semeou o caos no território ilegalmente ocupado. Os radicais do Hamas agradecem.

Jaime Silva – O ministro enfrentou a CAP e privilegiou a produção, retirando ajudas a quem não produz. Eis um acto de coragem contra quem se habituou a capturar os subsídios enquanto a agricultura desapareceu.

Iraque – Três anos após a insensata e criminosa ocupação, dezenas de milhares de mortos depois, o Iraque ameaça desintegrar-se, o Irão elegeu os mais fanáticos, a Palestina deu a vitória ao Hamas e o mundo está mais perigoso.

Afeganistão – A pena de morte pela conversão ao cristianismo, recorda as chamas da Inquisição e o perigo da influência clerical no Estado. Só a laicidade garante a liberdade religiosa e os direitos humanos.

Espanha – Após mais de três décadas, a ETA renunciou à violência. Não cabe aos terroristas pôr condições, mas devem os políticos aceitar, com prudência, o sinal de esperança que desponta.
Governo – A descentralização, com base em cinco Regiões, é um acto de lucidez e coragem destinado a garantir alguma eficácia na caótica divisão administrativa do País. É pena que interesses políticos tenham adiado a extinção de 13 Governos Civis.

Regionalização – A defesa de um referendo imediato, por Marcelo e Manuela Ferreira Leite, ambos conselheiros de Estado, vem criar um ruído intolerável por não sabermos de são recados, intrigas ou opiniões pessoais (más).

Canadá – O repatriamento de portugueses é legal mas desumano. Os esforços do MNE procuram evitar o pior mas é a lógica dos Governos de direita. Em Portugal, Paulo Portas e Manuel Monteiro, com posições xenófobas, estão naturalmente calados.

França – A gigantesca mobilização contra a reforma laboral pode ser o princípio do fim das ambições de Villepin e o fim do princípio de que a Ásia e a América Latina conquistariam direitos e de que a Europa não os poderia perder.

Irão – A obstinação no enriquecimento do urânio é um desafio ao Conselho de Segurança da ONU e a prova de que os ayatollahs procuram a hegemonia no mundo islâmico. Prepara-se a guerra e adivinha-se a tragédia.

Aznar – O ex-primeiro-ministro de Espanha cultiva o ressentimento. A paz com a ETA e o estatuto da Catalunha afligem-no. As vitórias de Zapatero são punhais. É um monárquico rancoroso de um país cujo rei tem virtudes republicanas.

Monumento ao 25 de Abril em Almeida – Continuam a ser favoráveis os ventos que sopram da CMA. Depois de tantos adiamentos, a determinação que parece existir é um lenitivo para a longa e dolorosa espera.

aesperanca@mail.telepac.pt