Carta Aberta aos Miuzelenses
Caros conterrâneos, escrevo-vos na qualidade de filho da terra (algo desterrado tanto dentro como fora dela), e tomo esta atitude nesta precisa altura, não porque tenha alguma ligação política ou partidária, mas antes, porque sinto uma revolta acumulada em alguns anos pelo estado de inércia a que a nossa aldeia chegou e que atingiu o auge neste período. Quando falo em inércia não digo de dirigentes políticos mas sim da aldeia como um todo (onde eu me incluo).
Não me venham dizer "Miuzela Arriba" quando reina a inveja. Não me venham dizer "tens de ir à missa" quando o que se passa na vida quotidiana, exagerado neste período de campanhas, são ataques de mesquinhes pessoal. Não me venham dizer "prometemos" quando já ninguém está a "ouvir".
Sou um inconformado e enquanto tal questiono tudo e todos, foi para isto que se lutou pela democracia e pela liberdade, só assim usamos toda a inteligência com que fomos criados. Os dogmas são dos tempos feudais em que um punhado de pessoas nascidas em berço de ouro, pretendiam deixar na ignorância os restantes, para os poder "dominar" e disso tirar vantagem.
Entristece-me que seja criticado pelo facto de querer aprender, entristece-me o facto de isso não parecer importante dos dias de hoje, entristece-me que essa minha vontade seja conotada com objectivos pessoais.
Tenho a dizer o seguinte: quem estiver a bem com a sua consciência e as suas opções de vida, não devia sentir-se incomodado com isso pois as suas convicções seriam mais que suficiente meio de resposta e apresentar-me-iam argumentos coerentes e validos. Só posso depreender que as minhas interrogações constantes ao estado actual de coisas seja levado como um ataque pessoal se, não reina a tranquilidade e a base sólida na argumentação, levando ao "sim" porque "sim", ao seguidismo e aos "dogmas" do tempo da Idade Média.
Se é este o caso e se o que eu possa dizer sirva, por vezes, para que questioneis as vossas "verdades absolutas", já serviu o objectivo.
Só assim é possível que o mundo avance e evolua.
Assim, quando vos prometem, ou comprometem (agora já não sei bem a "diferença"), grandes estradas, perguntem "porque elas não vos trazem ver os filhos à aldeia mais vezes?".
Quando vos prometem desvio de águas pluviais e piscinas, perguntem "porque temos falta de água no verão?".
Quando vos prometem pavilhões, perguntem "porque só se enche de politiquice barata?".
Quando vos prometem um "pólo escolar dos maiores do concelho", perguntem "para quantas crianças?".
Quando alguém pergunta: "Não me conhecem pelo que eu fiz e pelas minhas famílias" perguntem "será que ele é mesmo o que afirma ser, será ele um Deus?".
Não gostava que a minha "opinião" fosse dada por meras coordenadas em papel ou símbolos políticos, nem por um hábito irreflectido, só porque não tive vontade de pensar.
Tenho de viver uma realidade construída por outros (jogos políticos de reformados), pois nunca me perguntaram vontades ou projectos. A falta de transparência é sempre um "cheque em branco".
É tempo de os miuzelenses tomarem uma atitude activa e mesmo proactiva em relação aos destinos da Miuzela, de serem exigentes, conhecedores e criativos.
Acredito que se possa levar uma vida mais feliz e pacata se não se questionar ou interrogar os valores e padrões em que se acredita, ou talvez achar que já não se tem idade para isso (esta é para ti vó), no entanto só temos uma vida e só com a contínua busca pelo conhecimento a podemos "viver" inteiramente.
A todos um abraço,
José Gonçalves Pinto
2 Comentários:
Aprovado! ...
8:36 da tarde
quem fala assim não é gago. Aprovadíssimo
10:50 da tarde
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